quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

NEUROÉTICA: POR QUE RESISTIMOS AO APERFEIÇOAMENTO COGNITIVO?



“Um manifesto assinado por pesquisadores de sete universidades líderes nos EUA e no Reino Unido pede que o uso de drogas com o fim de melhorar a inteligência seja regulamentado e, eventualmente, liberado. Em artigo ontem no site da revista "Nature" (www.nature.com), os acadêmicos argumentam que é preciso disciplinar o uso que pessoas saudáveis fazem de medicamentos como a Ritalina (metilfenidato)” (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u476483.shtml)
Essa reportagem publicada na folha de São Paulo pelo jornalista Rafael Garcia traz a luz uma questão polêmica entre os cientistas, a sociedade e a “lei”. Por que nossa sociedade se mostra resistente ao uso de drogas para aperfeiçoamento mental, enquanto os cientistas afirmam não ser uma má idéia? Serão estas questões políticas, éticas, científicas, morais, ou até mesmo existenciais?
Roberto Lent, na palestra ministrada na PUC-RIO (www.nnce.org) com o título “Neuroética: o mito de Prometeu revisitado” abordou essa questão, a qual nos parece pertinente, dado o fato deste assunto estar em pauta na mídia e no mundo científico. Lent levanta a questão: porque aceitamos as drogas para o tratamento mental/cognitivo (como no caso da doença de Alzheimer) ou mesmo para uma melhor performance sexual em jovens (Viagra) e consideramos moralmente “errado” o uso delas para um aperfeiçoamento físico (doping) ou mental (ritalina para a memória e atenção, por exemplo)?
Ainda seguindo o raciocínio de Lent: no famoso caso citado por Damásio, o paciente Gage sofre de uma lesão no córtex pré-frontal causando danos a sua “moralidade”, ou seja, se sabemos que existe correspondência no cérebro para questões morais, porque não intervir cirurgicamente ou medicamentosamente em paciente psicopatas? Não seria um benefício para a sociedade? Por que não podemos modificar a estrutura da mente humana, se temos recursos para tal?
"Propomos ações que vão ajudar a sociedade a aceitar os benefícios do aprimoramento, acompanhadas de pesquisa apropriada e regulamento avançado", escrevem os cientistas. "Isso tem muito a oferecer para indivíduos e sociedade, e uma resposta apropriada por parte de todos deve incluir a disponibilização dos aprimoramentos acompanhada da gestão de riscos."
Talvez o que assuste tanto o ser humano quanto a essas questões seja a pergunta: qual é a essência humana (tendemos a pensar que está na mente)? Podemos nos reconstruir através do uso de medicamentos? Como será o ser humano daqui a algumas décadas dentro desta perspectiva?

Um comentário:

Anônimo disse...

Acredito que se as drogas para aumentar a nossa percepção cognitiva não causem nenhum efeito malígno ao organismo,em médio ou longo prazo, deveria ser usada, para aumentarmos nossa capacidade e podermos ser mais eficazes.