quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

NEUROÉTICA 2



Uma das drogas reivindicadas para uso em pessoas saudáveis, além da ritalina, é uma droga chamada modafinil que trata de pessoas com fadiga ou que necessitam ficar acordadas por longo período de tempo (como médicos de plantão). Essa droga aumenta a capacidade da função executiva e do controle inibitório, também melhora a performance da memória de trabalho.
Todos nós sabemos que é possível obter melhora nas performances mentais através de recursos “naturais” como sono, alimentação e exercícios físicos. Além dos recursos artificiais como uma boa educação, cultura e acesso à algumas tecnologias (internet, por exemplo) também podem facilitar o aperfeiçoamento mental. Porém, o ponto que se coloca entre o mundo científico e o não-científico é a questão moral. Todos esses recursos citados não são invasivos ao organismo humano e exigem um esforço de cada um para chegar a algum resultado. Já este tipo de droga, se tomadas para aperfeiçoamento cognitivo, são invasivas e não exige muito esforço ”extra”, ela irá modificar momentaneamente algumas funções cognitivas, de maneira quase mágica.
O que os cientistas, como Gazzaniga (http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/456702a.html), respondem a essa questão é: porque não? Eles não consideram a intervenção medicamentosa para aperfeiçoamento cognitivo algo tão distinto da intervenção educacional e tecnológica. Pesquisas recentes têm identificado os benefícios neurais causados pelo sono, nutrição e exercícios, assim como da leitura e instrução. E no final, concluem que estes mecanismos de aperfeiçoamento mental são equivalentes ao uso de drogas para tal objetivo.
Os opositores a essa questão lançam argumentos que vão das questões pragmáticas até as filosóficas. Um deles é o fato dos medicamentos diminuírem o valor do esforço humano. Este argumento é bastante rejeitado de maneira geral, pelo fato de não ser isto que irá definir a capacidade humana, mas sim as escolhas individuais. Contudo existem três pontos mais polêmicos: o uso de medicamentos seria injusto, não-natural e suscetível ao abuso de drogas.
Será que, utilizando a fala de Roberto Lent, voltamos ao mito de Prometeu ou de Frankenstein? Ou melhor, será que nunca desistimos de nos recriar ou reinventar? No momento as drogas para potencializar a mente estão em pauta!

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