segunda-feira, 25 de agosto de 2008

APRENDIZAGEM E MEMÓRIA OU TEMPO = APRENDIZADO



A aprendizagem e a memória nos adultos dependem das conexões e “desconexões” sinápticas que ocorrem a todo momento no nosso cérebro. Cientistas do instituto de pesquisa em Neurobiologia Max Planck (http://www.physorg.com/news138377586.html), demonstram porque isto ocorre de forma rápida, resultando em agilidade de pensamento.
As sinapses neurais ocorrem de maneira dinâmica num processo de construção (durante novos aprendizados), reconstrução (reforço de redes já construídas ou memorização) e “contatos sinápticos incompletos” (são os links que não sao efetivados, não se forma um circuito, são os esquecimentos, por exemplo) entre as conexões neurais. Nosso cérebro faz muitas sinapses ao mesmo tempo, mas nem todas são utilizadas realmente, esses estudos tentam mostrar como o cérebro pode economizar tempo e energia para que nossa aprendizagem não seja muito lenta. O cérebro humano é o órgão do corpo que mais utiliza energia, portanto ele precisa também aproveitá-la, isto é feito através das interconexões entre as células vizinhas em determinadas vias. Se essas conexões são “quebradas” por algum motivo, o tempo e a energia que se gasta para realizar a mesma tarefa é muito maior. Atualmente sabe-se que um neurônio novo vai se comunicar com alguma via já existente como forma de economizar tempo e energia, porém cada sinapse leva em média dois dias para consolidar completamente aquela conexão. Portanto os autores concluem, que se cada célula nova tivesse que aprender do "zero”, gastaríamos muito mais tempo no processo de aprendizagem.
Estes pesquisadores descobriram que existe uma maneira de troca de informação entre as células nervosas novas e antigas: elas usam o canal de cálcio para fazer essa transmissão. Somente quando existe consolidação da informação é que a sinapse é realizada, ou seja, se for de longo prazo, aumentando assim a economia de energia. No final das contas, nosso cérebro é capitalista: quanto mais tempo economizado: mais aprendizado é realizado!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

MEMÓRIA



Novas pesquisas demonstram que falsas memórias afetam o comportamento. Pesquisadores da universidade de Washington (http://www.physorg.com/news138375512.html) realizaram experimentos onde sugestionaram algumas memórias falsas, isto é, as pessoas foram levadas a acreditar em fatos irreais sobre sua infância e posteriormente observou-se que esta memória teve um impacto significativo sobre o seu comportamento atual.
Esse fenômeno: a possibilidade de se “inventar memórias” é também conhecido em algumas doenças psiquiátricas e neurológicas como confabulação. Quando o paciente sofre déficit de memória retrógrada ou anterógrada, pode substituir aquela lacuna por fatos que não são verdadeiros. Neste caso é um mecanismo de compensação do indivíduo para compensar uma falha na sua cognição.
A proposta desta pesquisa, porém é outra: inserir memórias que não existiram para poder manipular comportamentos inadequados como a obesidade, uso de drogas, abusos sexuais, entre outros. A idéia neste caso seria usar este tipo de mecanismo como uma maneira terapêutica para diminuir os efeitos dos traumas e/ou crenças disfuncionais a respeitos de alguns comportamentos e pensamentos.
Isto nos faz questionar uma das premissas principais da psicanálise: o trauma como um mecanismo inconsciente (memória negativa) determinando o comportamento do sujeito ao longo de sua vida. É obvia a impossibilidade de se interferir na experiência, no fato traumático em si, porém, se a memória é inconsciente, e segundo os psicanalistas, ela é metafísica, não podemos usá-la a nosso favor? Questão a se pensar...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

NO CLIMA DAS OLIMPÍADAS: CÉREBRO E BASQUETE


Estudos com jogadores de basquete (http://www.nature.com/neuro/journal/vaop/ncurrent/abs/nn.2182.html), demonstraram que eles têm uma maior e mais acurada capacidade (em relação a outros profissionais como treinadores ou escritores) de detectar quando uma jogada será feita, Isto é, quando ele vai passar a bola para outro atleta ou mesmo realizar uma “cesta”.
Uma pesquisa foi realizada com 10 jogadores de basquetes profissionais, 10 treinadores e 10 escritores/jornalistas enquanto assistiam a um jogo de basquete. Durante o jogo, foram mensuradas as áreas cerebrais envolvidas de cada sujeito experimental. E observou-se que os jogadores do esporte em questão detectam as jogadas antes de elas serem realizadas (conseguem prevê-las) levando a conclusão de que eles têm uma maior capacidade de leitura corporal de outros
O fato dos jogadores de basquete ter essa facilidade na percepção das jogadas se deve a dois motivos principais:
1) Eles têm maior capacidade de ler os movimentos (cinestesia) do corpo de outro jogador por ter sua área cortical viso- motora, além da área motora propriamente dita, mais desenvolvida do que pessoas que não praticam tal esporte.
2) Eles usam o mecanismo de neurônio-espelho para detectar tais movimentos de forma antecipada.
Estes resultados nos levam a inferir que este tipo de mecanismo perceptivo-comportamental também deva existir em outras profissões que lidem com antecipação de movimentos e/ou comportamento.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

COGNIÇÃO E DESENVOLVIMENTO


“O desenvolvimento cognitivo-perceptivo funciona como uma plataforma de lançamentos bem projetados, da qual decolariam outros aspectos do desenvolvimento cognitivo”. (Palácius, 2002)
A percepção está na base do desenvolvimento cognitivo. A percepção está presente em todo o desenvolvimento humano, e tem uma grande importância nos primeiros meses de vida. Principalmente os sentidos da visão, audição, gustação, olfato e tato. Os bebês precisam dela para crescer e se relacionar com o mundo. A cognição da criança acompanha o seu desenvolvimento neurológico e maturação do sistema nervoso, gradativamente, aumenta-se a capacidade de percepção de estímulos complexos. A linguagem, por exemplo, é uma aquisição posterior no desenvolvimento cognitivo e conseqüentemente na vida da criança.
A estimulação que as crianças recebem é polimodal, pois chega ao cérebro através de diferentes modalidades sensoriais. A percepção da criança é também intermodal, pois ela é cada vez mais capaz de integrar as informações sobre a realidade que chegam através das diferentes modalidades sensoriais.
“O exemplo de percepção é, pois, bastante adequado para mostrar como os bebês humanos estão geneticamente orientados à interação social. Sobre a base dessa predisposição, as pessoas que cercam a criança, que cuidam dela e a educam são responsáveis por preencher de conteúdo todo o conjunto de potencialidades adicionais com as quais as crianças já estão equipadas no momento do seu nascimento.” (Palácius, 2002)
Segundo Sternberg, o desenvolvimento cognitivo envolve mudanças qualitativas no pensamento, tanto quanto mudanças quantitativas, tais como o aumento de conhecimento e capacidade. A interação entre o ambiente e a predisposição genética já tem seu início nos primeiros meses de vida, pois bebês muito jovens parecem ser predispostos para prestar atenção a estímulos inéditos, porém alguns vão explorar mais aquele estimulo, enquanto outros não vão se concentrar muito neles. Esta observação levou a alguns pesquisadores à hipótese de que os bebes que preferem com mais vigor algum grau de novidade são mais inteligentes do que os que fazem com menos vigor.
OBS: Esta postagem é dedicada à minha amiga Emmy.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

GENE PARA A ANSIEDADE



Outra reportagem recente publicada no jornal on-line “o Globo” (http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2008/08/11/estudo_alemao_identifica_gene_da_ansiedade-547672547.asp) foi sobre a descoberta do gene para a ansiedade. A notícia mostra pesquisas desenvolvidas sobre o assunto, onde defende que a ansiedade e seus transtornos são transmitidos por carga genética.
O estudo aponta para um aumento significativo de transtornos mentais de ansiedade, como o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), o transtorno de Pânico, trantorno de ansiedade generalizada e o Transtorno de estresse pós-traumático. Isto se deve a uma mutação genética para o gene da ansiedade, ou seja, algumas pessoas teriam um limiar menor para suportar os estímulos desagradáveis, como ruído alto por exemplo. Neste caso, as pessoas que teriam este alto nível de ansiedade, teriam o gene (para a ansiedade) duplicado no seu DNA. Segundo os cientistas, as pessoas que herdaram o gene duplicado, tem um aumento do neurotransmissor dopamina no cérebro, e isso justifica uma maior facilidade de fixação das sensações desagradáveis.
Segundo o artigo original, existe também um déficit na memória de trabalho e do controle cognitivo (e na eficiência do córtex pré-frontal), em pacientes com níveis altos de dopamina, em estudos utilizando neuroimagem. Isto demonstra a relevância desta investigação na prevenção de doenças mentais para os transtornos de ansiedade.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

NEUROECONOMIA



Uma reportagem o jornal “O globo” do dia 12/08/08 (http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2008/08/11/hormonios_femininos_podem_influenciar_decisoes_financeiras_da_mulher-547676772.asp), relata um estudo sobre a influência hormonal nos processos de tomada de decisão. O estudo defende que nossas decisões não são apenas motivadas pelo “desejo” ou pela vontade. Podem existir substratos neurais na base das nossas ações mais cotidianas como: comprar um vestido caro ou guardar aquele dinheiro para uma futura viagem, investimento de ações ou até mesmo comprar carne ou ovos, para uma população de baixa renda.
Segundo este estudo, nossos impulsos ou inibições na área financeira podem ser influenciados pelos hormônios. Mulheres ficariam mais controladas diante de seus cartões de crédito quando aumenta o nível de estrogênio (período pré-menstrual), enquanto homens que receberam uma dose extra de ocitocina (hormônio produzido na amamentação) ficaram mais relaxados e tranqüilos com seus clientes ou mais agressivos e corajosos quando estão com o nível alto de testosterona (normalmente pela manhã).
Estes dados estão sendo utilizados por alguns pesquisadores psicólogos ou economistas no sentido de orientar as pessoas, fazendo uma “consultoria econômica”, quanto a sua pré-disposição hormonal pra riscos. Este estudo se bem conduzido pode contribuir para a psicologia cognitiva e neurociências. Podemos até nos aproximar do estudo sobre a moralidade e tomadas de decisão defendido por Antônio Damásio (http://neconomia.blogspot.com/2005_10_01_archive.html). Porém se a pesquisa for mal conduzida nos aproximamos de algo parecido com a astrologia, onde os planetas regem nosso comportamento (aqui no caso seriam os hormônios) e então perdemos o rumo do navio chamado ciência, onde é necessário premissas, coleta de dados, falsificação das hipóteses e teoria.
“Praticamente qualquer um pode-se sentar em uma poltrona e propor uma teoria, mas a ciência requer a testagem empírica dessas teorias. Sem essas testagens, as teorias permanecem meramente especulativas, de forma que teorias e dados dependem entre si”. (Sternberg, 2007)
OBS: Esta postagem é dedicada ao Paulo Moreira, economista preferido e incentivador das neurociências!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A PSICOLOGIA COGNITIVA E A NATUREZA DO INSIGHT




Como vimos na última postagem, a psicologia cognitiva interessa-se em investigar o como pensamos, como se dá a aprendizagem e o processamento cognitivo. O fenômeno do insight por sua vez, é um dos menos conhecidos nesta área da psicologia/neurociência. A experiência do insight é muitas vezes associada com algo “divino”ou misterioso. Alguns neurocientistas estão tentando desmistificar este pensamento.
Os insights ocorrem normalmente quando menos se espera, ele não ocorre quando estamos estudando, ou num momento de intensa concentração mental, segundo o neurocientista Jonah Lehrer (http://scienceblogs.com/cortex/). Para este estudioso, as maiores descobertas foram feitas por cientistas em momentos de “relaxamento” ou de alguma atividade não relacionada ao seu campo de estudo. Isto não significa que não seja necessário o estudo, como vimos anteriormente, o conhecimento de superdotados e pródigos só se manifesta de maneira brilhante com muito esforço e trabalho.
“Para se chegar a insights, decisões, resoluções de problemas, precisa-se muitas vezes de distrair a mente com outras atividades. Como montar um quebra-cabeça, jogar paciência ou escrever uma poesia. Pois estas atividades abrem um campo para que novas descobertas possam surgir, isto é, idéias e pensamentos que não foram elaborados anteriormente. Para que a experiência do insight ocorra é necessário que haja uma “quebra de pensamento” para que em seguida ocorra a integração de algo novo (mental block).
Jung-Beeman, neurocientista cognitivo declara que o momento do insight vem junto com o sentimento de certeza daquela idéia. O cientista sente que há dúvidas a respeito daquela descoberta. Segundo esta perspectiva foi assim que Newton teve a certeza sobre a teoria da gravidade quando observou a queda da maçã no seu passeio pelo campo!
Alguns artigos (http://scienceblogs.com/cortex/) descrevem possíveis diferenças entre o HD e o HE na experiência do insight e apontam para a predominância do HD neste fenômeno assim como o papel do córtex pré-frontal como um maestro do cérebro.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

PSICOLOGIA COGNITIVA




O que é a Psicologia cognitiva? De uma maneira geral, a psicologia cognitiva se propõe a investigar as cognições. Isto significa estudar o como as pessoas apreendem conhecimento do mundo: como pensam, aprendem, lembra-se de algo. Segundo Sternberg (2007), a psicologia cognitiva seria: como os cientistas pensam sobre como as pessoas pensam? E os estudantes de psicologia vão partir do pressuposto que: as pessoas pensam sobre o que os cientistas pensam em relação a como as pessoas pensam.
Enfim, os psicólogos cognitivos irão pesquisar o modo como as pessoas percebem, lembram, esquecem, aprendem, se comunicam. Atualmente são desenvolvidas inúmeras pesquisas na área da cognição, muito se estuda a respeito dos vários tipos de memória, linguagem, consciência, aprendizagem, entre outros processos cognitivos. A neurociência também é u campo que investiga as cognições, utilizando-se da psicologia experimental, e testes neuropsicológicos, como temos visto nas últimas postagens.
Muitas contribuições de outras áreas do conhecimento puderam influenciar no estudo da psicologia cognitiva. Uma delas foi a relação com a tecnologia e com a engenharia e computação. O teste de Turing foi criado por ele mesmo (Turing, 1950), numa tentativa de fazer uma relação entre o pensamento humano (cérebro) e o processamento das informações das máquinas. O teste de Turing seria quando uma programação de computador fosse possível de ser indistinguível, por seres humanos, do resultado de testes com seres humanos. Temos referência a esta idéia no belo e interessante filme Blade Runner, assim como no AI, para citar apenas dois.
Bem, podemos fazer inferências sobre a complexidade desse instigante assunto, pois até hoje não se conseguiu, em termos de máquinas, chegar à imitação de processamento do cérebro humano. Talvez por isso, seja possível afirmar que apesar de vasto conhecimento sobre a cognição humana, ainda há muito o que caminhar...e a psicologia cognitiva é um dos principais pilares nesta jornada!