terça-feira, 16 de dezembro de 2008

SKINNER: O CIENTISTA E O FILÓSOFO



“Como podemos situar Skinner? Seus experimentos são perturbadores em suas implicações. Por outro lado, suas descobertas são certamente significativas. Em essência, elas iluminam a estupidez humana, e qualquer coisa que ilumine a estupidez é brilhante.” (Slater, 2004)
Ainda seguindo os passos de Lauren Slater sobre a complexa personalidade de Skinner e seus pensamentos pragmáticos, porém humanitários e talvez até idealistas, encontro pistas de seus escritos sobre a relação emoção/comportamento, vale lembrar que Skinner como bom behaviorista, era também antimentalista.
De acordo com Skinner quando agimos vilmente, sentimo-nos vil, e não vice-versa. Ou seja, não existe, para Skinner, o caminho inverso: um sentimento (ou emoção) precedendo um comportamento, os sentimentos ou emoções são sempre conseqüências de um comportamento. Talvez possamos inferir, então, que o comportamento de pessoas alegres e felizes possa interferir em um grupo social. Ele concorda que o homem existe irrefutavelmente em relação ao seu meio ambiente e nunca poderá se livrar dele.
Na visão de Skinner, estamos entrelaçados e precisamos assumir responsabilidade pelos fios que nos ligam. Isto significa que podemos aprender com o comportamento de um indivíduo em grupo social? Creio que Skinner concordaria afirmativamente com a pesquisa sobre a felicidade como contagiante, mas entendendo felicidade como um comportamento operante e passível de reforço positivo.
No seu livro mais filosófico do que científico, Beyond freedom and dignity, Skinner escreve:
“As coisas pioram continuamente e é desanimador descobrir que a própria tecnologia é cada vez mais falha. O saneamento e a medicina tornaram mais agudos os problemas de controle populacional. A guerra adquiriu um novo horror com a invenção de armas nucleares, e a busca intensa pela felicidade é em grande parte responsável pela poluição”
Skinner escreveu esse texto em 1971, e nos diz algo como: as sensações ou sentimentos são conseqüências do comportamento. Quem escreve isto o Skinner cientista ou “filósofo”? Sua filha Julie Skinner responde: você não pode separar a ciência da filosofia. Será???
Referência bibliográfica: Mente e cérebro, Lauren Slater, 2004, editora: ediouro.

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