segunda-feira, 14 de julho de 2008

A TEORIA DA CONSCIENCIA COMO REPRESENTAÇÀO II




“Como o filme no cérebro é gerado e como o cérebro também gera o senso de que existe alguém que é proprietário e observador deste filme?” (Damásio, 2005)

Existe mais de uma leitura para essa pergunta, porém a neurociência cognitiva atual possibilita o levantamento de algumas hipóteses. Muitas das respostas são dadas através do estudo sobre as lesões neurológicas, com os exames de neuroimagem, e também com os marcadores de mudanças na resposta de condução elétrica medida na pele entre outros instrumentos de medição Um dos objetivos de Damásio é apresentar hipóteses anatômicas passíveis de ser testadas para alguns aspectos do processo da consciência. Vamos partir do princípio que consciência e o estado de vigília e a atenção básica são processos distintos. E que a consciência é indissociável da emoção, isso significa dizer que quando um está alterado, algum tipo de alteração também se dá no outro.
O autor divide a consciência em dois subtipos: a consciência central e a consciência ampliada. A primeira se refere à noção básica de identidade ou self central no “aqui e agora”, pode ser encontrado em não-humanos. Já a consciência ampliada é exclusiva dos humanos, é muito mais complexa (possui muitos níveis e graus), fornece ao organismo um complexo sentido de self, porém vai muito além da noção egóica de identidade.
Podemos afirmar com quase toda certeza que os subtipos são inter-relacionados, o self central seria a um tipo de substrato neural para o self ampliado, observa-se em pacientes lesionados, alterações no segundo enquanto o primeiro está intacto. Contudo o oposto não é verdadeiro, a nossa autoconsciência necessita do self central (identidade) para ser construída e funcionar na sua complexidade!
Muitas questões podem surgir deste conceito Damasiano. Será que a consciência ampliada (autoconsciência) está presente em todos os seres humanos? Ela existe da mesma maneira em seres humanos de culturas tão distintas, como os indianos e os americanos? Potencialmente, sim. E como seria a transcedência da autoconsciência? Como se dá nas experiências místicas como a de perda do ego?


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