terça-feira, 20 de maio de 2008

A DOENÇA DO SONO. E A L-DOPA: PARTE 2




Como vimos na ultima postagem, o neurologista Oliver Sacks relatou sua experiência com doentes pós-encefalíticos na década de 70 num hospital americano (Nova York), onde testa a L- dopa com seus pacientes.

A L - dopa como já vimos é a precursora da dopamina (neurotransmissor), sua descoberta gerou bastante entusiasmo na área médica durante um certo período, pois os cientistas perceberam seus efeitos positivos sobre algumas doenças. Contudo, segundo Sacks, houve uma superestimação da L-dopa como medicamento terapêutico, ela se tornou quase “mágica” e/ou “mística” para um determinado grupo de pesquisadores. Com o tempo percebeu-se que a L-dopa como droga terapêutica é muito eficaz para algumas doenças (como na doença de Parkinson, por exemplo), porém não gerava “milagre” como imaginado.
Sacks observava em seus pacientes sintomas ligados a uma paralisia muscular e cognitiva, ou seja: uma total falta de movimento, atenção, fala. Ele percebia também uma catatonia comportamental (aqui não se trata de uma catatonia ligada à esquizofrenia, mas apenas no sentido de uma apatia generalizada). Era um desafio fazê-los sair daquele sono profundo. A partir das suas observações, pesquisas, entrevistas com familiares, vinculo com os pacientes, Sacks testou a L-dopa com esses pacientes.
Os indivíduos despertaram! A L - dopa funcionou de alguma forma no sistema dopaminérgico destes doentes, trazendo vários tipos de reações neles. A maioria voltou a falar, dançar, escrever, se relacionar, viver. Porém havia duas questões neste despertar: primeiro eles acordaram com um “gap” de muitos anos entre o início da doença e aquele momento atual, portanto, bem mais velhos. Segundo, a droga não sustentou seu efeito por longo período e os pacientes voltaram a sua apatia habitual.
O resultado final desta experiência gerou frustração para os familiares, para o próprio Sacks e provavelmente uma profunda tristeza ou decepção nos doentes pós-encefaliticos. Contudo, como pesquisador da mente humana, Oliver Sacks fez uma tentativa de trazer de volta a vida daquelas pessoas.

Um comentário:

Unknown disse...

Sensacional esse seu trabalho. Nos faz refletir sobre o universo da ciência e até onde podemos chegar. Espero que para um futuro próximo não seja segredo o funcionamento do cérebro e que as pessoas possam despertar a cada amanhecer.