domingo, 26 de abril de 2009

ALUCINAÇÃO



As alucinações visuais funcionam de maneiras bastante distintas no cérebro humano, elas estão mais relacionadas a déficits neurais, alterações dos neurotransmissores ou ainda a disfunções do sistema de reconhecimento emocional. Entre as alucinações, estão os delírios.
Uma profunda disfunção do sistema de reconhecimento emocional pode causar experiências sensoriais esquisitas. O delírio de Fregoli, por exemplo, é uma disfunção na qual as pessoas acometidas confundem estranhos com pessoas que lhes são familiares. Nestes casos um bloqueador de dopamina ajuda os pacientes a diminuírem a falta de reconhecimento emocional. O remédio não remove os delírios, mas o falso reconhecimento.
No delírio de Capgras, o sistema de reconhecimento emocional está subativo e não suprativo, fazendo com que os pacientes enxerguem as pessoas como elas mesmas, porém não fazem o “click” do reconhecimento. Os pacientes com delírio de Capgras têm também uma disfunção cognitiva, eles criam explicações esquisitas para suas percepções distorcidas. Em tais casos, a causa do déficit cognitivo pode ser atribuída a uma lesão cortical.
Segundo Rita Carter, as imagens podem vir de fora ou pode ser gerada dentro da mente, a atividade cerebral é igual nos dois casos. Portanto, imaginar a foto de alguém que você conhece ativará a UFR (unidade de reconhecimento facial) daquela pessoa da mesma maneira que olhar para uma foto dela.
Como dissemos na ultima postagem, o cérebro não transcodifica o mundo exterior, ele o constrói em respostas a estímulos. Os estímulos, normalmente, vêm de fora e levam o cérebro a criar uma imagem que está de acordo com as informações que está recebendo. Ás vezes pode acontecer do cérebro lê erradamente as informações que chegam (criando uma ilusão) ou gerar seus próprios estímulos, que então são interpretados como vindo de fora (delírios/alucinações).
As alucinações podem ser entendidas como experiências sensoriais geradas automaticamente excepcionalmente intensas. O trabalho com esquizofrênicos demonstrou que as vozes ouvidas por eles são de fato, a própria voz. (Carter, 2002). Este assunto é muito importante no estudo da mente e da percepção, abrindo-se outros canais para o entendimento da mente, inclusive de doenças como a esquizofrenia.

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