sexta-feira, 24 de abril de 2009

ALUCINAÇÃO E ILUSÃO: ILUSÕES (parte I)


A visão é um dos sentidos mais complexos e sofisticados nos seres humanos. Nos estudos sobre percepção visual, sabe-se que a visão é um processo mais interpretativo do que um processo de tradução do mundo “real”. Isto é, enxergamos com nosso cérebro e não apenas com os olhos, estes funcionam como um canal por onde entram os estímulos visuais externos (http://martabolshaw.blogspot.com/2008/10/ensaio-sobre-cegueira-uma-viso.html). Obviamente que sem olhos não é possível enxergar, mas é possível manter a imaginação ou mesmo produzir-se alucinação. Já o fenômeno da ilusão perceptiva é altamente dependente do aparelho visual (olhos, cristalino, retina, etc.).
O objetivo destas postagens é diferenciar a ilusão perceptiva (http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/7693396.stm) da alucinação, portanto é interessante sabermos que a primeira é um fenômeno mais ligado a erros cognitivos em relação ao processamento perceptual, às vezes como uma proteção do organismo em relação ao meio, ou mesmo por algum tipo de compensação. Já o segundo está mais ligado a alterações neuroquímicas (quase sempre aumento ou diminuição de neurotransmissores) de áreas específicas do cérebro. As alucinações não são necessariamente visuais, é muito comum existirem alucinações auditivas, por exemplo. Contudo iremos nos referir as alucinações visuais.
Neste primeiro post, falaremos sobre a ilusão, seguida da alucinação (parte II).
Segundo Rita Carter (2002), algumas ilusões são causadas por processos relativamente mecânicos, outras, porém, nos mostram alguns mecanismos cerebrais mais complexos: o que pode parecer à primeira vista um erro dos sentidos é na verdade um erro de cognição, e em alguns momentos os dois (erro sensorial e cognitivo) podem acontecer ao mesmo tempo. As ilusões cognitivas ocorrem porque o cérebro é cheio de preconceitos: hábitos de pensamentos, reações emocionais reflexas e ordenamentos automáticos da percepção. Estes preconceitos estão, de certa forma, pré-estabelecidos no nosso design neural. Esse modelo de teorias pré-pogramadas nos permitem a tomar decisões rápidas, práticas, sobre como reagir àquilo que percebemos.
“Os preconceitos que dão origem às ilusões sensoriais são geralmente benignos. A ilusão de uma miragem no deserto pode ser um truque cruel, mas não é um que tire muitas vidas hoje em dia e os mágicos podem usar nossos vários pontos cegos para iludir, mas isso geralmente é feito por uma feliz conspiração com o iludido.” Carter, 2002
Portanto, para concluir este post, as ilusões perceptivas (http://martabolshaw.blogspot.com/2008/11/viso-tnis-e-erros-perceptuais.html) são curiosas e até usadas de maneiras lúdicas através da mágica e brincadeiras, contudo, existem as ilusões puramente cognitivas, aquelas nas quais as percepções afetadas são mais as idéias que os fenômenos sensórios. As idéias ilusórias podem induzir a erros graves. Mas como o pensamento é algo mais flexível do que os objetos matérias, é possível fazer ele (o pensamento), estar em constante atividade física para não se torna rígido demais!