sexta-feira, 18 de setembro de 2009

INSTINTO MATERNO



“O amor materno não constitui um sentimento inerente à condição de mulher, ele não é um determinismo, mas algo que se adquire. Tal como o vemos hoje, é produto da evolução social desde princípios do século XIX, já que, como o exame dos dados históricos mostra, nos séculos XVII e XVIII o próprio conceito do amor da mãe aos filhos era outro: as crianças eram normalmente entregues, desde tenra idade, às amas, para que as criassem, e só voltavam ao lar depois dos cinco anos. Dessa maneira, como todos os sentimentos humanos, ele varia de acordo com as flutuações socioeconômicas da história.” (http://www.redeblh.fiocruz.br/media/livrodigital%20(pdf)%20(rev).pdf).
O trecho acima baseado no livro O Mito do Amor Materno de Elisabeth Badinter (filósofa francesa), lido pela maioria dos estudantes de psicologia, antropologia e sociologia na década de 90 (o livro foi publicado na França em 1980) é contraposto aos pressupostos atuais da neurociência e talvez das ciências em geral.
Bem, se acreditamos em Darwin e na teoria da evolução conseqüentemente...e também se cremos (inclusive, atualmente, visualizamos) as mudanças neuroquímicas que ocorrem no cérebro feminino durante a gravidez e no pós-parto, podemos concluir, que por mais “inventado” que este conceito possa ser, pelos seres humanos do século XIX (interessado na indústria que este fato proporciona), ele (o instinto materno) tem algum propósito evolutivo ou não estaríamos aqui pra discutir o assunto!
A própria Badinter discute as criticas feitas pelos cientistas na época a respeito da questão da palavra instinto. Mas como esta é uma longa discussão, prefiro ir ao ponto: se para todas as regras existem exceções, porque não podemos ter mães que não se interessam pelos seus filhos? Ou ainda: como podemos saber se as mães que deixavam seus filhos com amas de leite ficavam bem com o fato? A pesquisa foi feita em relação ao destino dado aos filhos, mas nada sabemos sobre o estado psico-hormonal destas mães em questão...
Kinsley e Lambert (2006) fazem uma revisão sobre o tema e afirmam que em todos os mamíferos, as fêmeas sofrem profundas mudanças comportamentais durante a gravidez e maternidade, porque o que antes era direcionado para sua sobrevivência individual, passa a ser para os cuidados e bem-estar dos filhos. (Cientifica American, 2006)

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