segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A METACOGNIÇÃO INTELIGENTE





Dando continuidade a última postagem, onde analisamos como um dos principais critérios sobre inteligência a metacognição (consciência ou reflexão sobre a própria inteligência). A partir deste ponto é possível pensar sobre os diversos conceitos de inteligência em culturas distintas. Pois afinal, se ser inteligente é poder analisar e pensar sobre os próprios pensamentos, idéias e conceitos... Por que não fazê-lo?
Seria interessante refletir o porquê de culturas distintas valorizarem “funções” ou “habilidades” tão diferentes para definir uma pessoa inteligente. Será que algumas culturas valorizam mais o “uso” (a prática daquela habilidade), enquanto outras se preocupam mais com a “capacidade”, mesmo que em potencial?
Explicando melhor... Algumas culturas consideradas primitivas (usando todas as ressalvas deste termo) preferem avaliar a inteligência de seus indivíduos em conseqüência do cargo que ele vai ocupar, como se fosse um RH contemporâneo. Portanto, em algumas tribos é mais interessante colocar como navegador, um indivíduo que saiba se guiar bem através da constelação do céu ou tenha algum conhecimento a respeito das leis naturais como vento, marés, etc. Se algum neuropsicólogo fosse avaliar hipoteticamente o mesmo sujeito através de testes neuropsicológicos, provavelmente o avaliaria como tendo uma boa percepção viso-espacial, uma boa memória semântica de longo prazo, talvez uma memória de trabalho e a função executiva eficientes. Porém, muito provavelmente, este avaliador daria um resultado geral do coeficiente de inteligência (QI) baixo para este indivíduo, caso ele não executasse bem todas outras funções cognitivas, como pensamento lógico-matemático, linguagem, criatividade e representação do conhecimento por exemplo. Já se ele fosse avaliado pelas teorias das inteligências múltiplas (Gardner), teria a inteligência viso-espacial bem acima da média. No entanto, segundo essa teoria, um jogador de futebol pode ter um escore alto em inteligência corporal, e por isso ser considerado um sujeito inteligente (nesta área específica de habilidade), pois como vimos é uma teoria construída em módulos.
Então: esse sujeito da tribo africana é inteligente afinal?
Imaginemos a situação oposta: Se Albert Einstein resolve ser “avaliado”para alguma trabalho numa tribo africana, será capaz de desenvolver alguma atividade que não seja intelectual? Será considerado inteligente pela tribo local e como eles fariam para avaliar esse constructo? Pelo uso ou pela capacidade? Façamos uma metacognição sobre o assunto...

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