domingo, 15 de novembro de 2009

COMPORTAMENTO ANTI-SOCIAL E NEUROPSICOLOGIA



Estudos recentes sobre o transtorno de personalidade anti-social (TPAS) demonstram interesse na investigação cerebral dos sujeitos em questão. Através de exames de imageamento cerebral funcional foi observado modificações estruturais nas áreas frontais e do hemisfério direito do cérebro nesta psicopatologia.

“Estudos de neuroimagem apontam o envolvimento de estruturas cerebrais frontais, especialmente o córtex orbitofrontal, e a amígdala. Também tem sido sugerido que prejuízos na função serotonérgica estariam associados à ocorrência de comportamento anti-social, já que pacientes com diagnóstico de TPAS apresentam respostas hormonais atenuadas a desafios farmacológicos com drogas que aumentam a função serotonérgica cerebral e redução da concentração de receptores serotonérgicos.” (http://www.scielo.br/pdf/rpc/v32n1/24019.pdf)

Mais recente ainda tem sido o interesse da Neuropsicologia sobre o assunto: qual seria o perfil neuropsicológico do TPAS?

No X congresso da sociedade brasileira de neuropsicologia (SBNP) em São Paulo foi dedicado um dia inteiro de conferências sobre o tema. O pesquisador espanhol Jordi Casanova explorou a construção do TPAS com uma visão integrada das neurociências e contextos sociais. Sabemos que esse transtorno tem um “gatilho” vindo do contexto social que é bastante relevante, apesar dos estudos neurobiológicos nos mostrarem a amplitude desta psicopatologia.
Casanova defende que as imagens e experiências que vivenciamos provocam “marcas” e essas informações são distribuídas pelo cérebro ao longo da vida. A memória semântica teria a capacidade de juntar estas informações espalhadas no córtex cerebral e o sistema límbico associa as imagens com outros aspectos cognitivos e emocionais, esses processamentos levam a construção da personalidade humana.
As observações perceptivas estimulam áreas neurais e os circuitos de imitação (pareofrontal, occipital e os neurônios espelhos) facilitando o sentimento de empatia. Os mapas cerebrais individuais se unem através do espaço e tempo auxiliando na construção de pensamentos abstratos, além de uma noção de historicidade pessoal.
Bem, o que Casanova quis mostrar com tudo isso, ou melhor, qual foi minha interpretação de sua conferência?
A partir do momento que pensamos em falhas no processamento cerebral, neuropsicológico e psicológico do TPAS, as quais estão incluídas a incapacidade de formação de empatia, o déficit do pensamento abstrato, uma linguagem verbal empobrecida, um baixo controle inibitório e alta impulsividade para agir, uma tendência a estabelecer rituais, entre outras características...Estamos abrindo a possibilidade para uma hipótese de que algo do contexto social (percepções, experiências, observações) iniba esses sistemas biológicos e de circuitarias neurais responsáveis pelo desenvolvimento destas funções.
Em outras palavras, creio que o pesquisador desejou apontar para características do contexto ambiental nos quais normalmente crescem sujeitos com TPAS (quase sempre ambientes com algum tipo de violência e abuso sexual) e a partir deste momento dá-se início a toda uma mudança biopsicossocial!

Um comentário:

Marcelo Bolshaw Gomes disse...

definir o que é social e anti-social é sempre arbitrário. marta, estou querendo falar com vc. mande um email para encantador_de_serpentes@yahoo.com.br

bj na clara. marcelo