quinta-feira, 5 de março de 2009

Outliers: o que define, afinal, a inteligência?




Dando continuidade a última postagem sobre os outliers, Gladwell escreve dois capítulos sobre a questão da inteligência: o que a define em nossa cultura? Como ela pode ser aproveitada ou desperdiçada?

Alguns dos pontos importantes abordados pelo autor são: os testes de QI e a genialidade. Alguns psicólogos estudiosos da inteligência defendem o fato de que um escore do QI a partir de 130 (entre 130 e 200, por exemplo) não faz muita diferença qualitativa, já que estamos lidando com pessoas muito inteligentes e provavelmente com diversos talentos. Porém se analisarmos sujeitos com QI de escore igual a 100 (média da população americana) até 130, esta diferença provavelmente será significativa. Ora, o que isto significa?

Bem, significa que pessoas muito inteligentes, não importando o quanto (acima do QI de 130), terá chances equivalentes de expressar seus talentos. Sendo assim, a diferença quantitativa neste caso é irrelevante. O que vai diferenciar os sujeitos, nestes casos, são oportunidades probabilísticas (sorte), habilidades sociais (saber lidar com autoridade, por exemplo), certa estabilidade emocional, o esforço para alcançar algo e porque não, certa competitividade e um elevado grau de auto-estima?

Um outro grupo de psicólogos investigou a importância da educação familiar (e não a formal) na formação intelectual (incluindo inteligência, criatividade, habilidades sociais, etc) das crianças, onde foram observadas diversas famílias durante 24 horas (por alguns meses). Estas famílias (de alta e baixa classe social) tinham seus filhos no ensino fundamental. Qual foi a observação que chegaram? Na família de alta classe social existe uma “aprendizagem orquestrada” enquanto na família de baixa classe social existe uma “naturalização” do aprendizado. No primeiro caso, existe um direcionamento para que as crianças saibam aproveitar seus talentos, lidar com autoridade, aprenda a questionar e enfim usufruam num ambiente onde as “idéias estão no ar”. Já no segundo exemplo a tendência familiar, era de não intervir no desenvolvimento “natural” da criança, assim como uma menor habilidade para lidar com autoridades e questionar regras.

Fiz uma observação destes fatos com minha filha, na verdade faço isso o tempo todo, reparei que ela percebeu que meu vestido tinha uma alça arrebentada, como estava no trabalho coloquei um clipe para segurar. Chegando em casa, fiz isso na outra alça também (como compensação para minha inabilidade para costurar e por achar esteticamente interessante). Minha filha de 7 anos observou a transformação do vestido e imediatamente pegou todos os clipes da casa e construiu vários objetos: colar, chaveiro, casa em miniatura! Esse é um dos critérios da criatividade, a utilização de um mesmo objeto para funções distintas, inclusive utilizando-o de maneira não convencional.

Talvez seja um pouco cruel este pensamento, contudo o autor chega à conclusão de que ser um sujeito inteligente proveniente de uma classe social alta ou ser um sujeito inteligente proveniente de uma classe social baixa faz toda a diferença!! Isso não é uma idéia determinista, mas apenas uma observação dos fatos numa amostra populacional.

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