terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

NEURÔNIOS PRÉ-FRONTAIS E MEMÓRIA DE TRABALHO



Segundo uma pesquisa desenvolvida recentemente nos EUA e publicada no jornal “O Globo”, observou-se que a memória de trabalho (MT), como é chamada por alguns pesquisadores, é armazenada por neurônios individuais na região pré-frontal do cérebro, os quais são capazes de guardar as informações por 1 minuto ou mais. Este tipo de memória é transitório e sujeita a modificações ao longo do seu processamento (para utilizar um termo de computador, pois afinal de contas ela é comparada a memória RAM dos micros).
Esta pesquisa é a primeira a identificar o sinal que estabelece uma memória celular não permanente e a revelar como o cérebro guarda informações temporárias. Existem muitos estudos neurais a respeito de como funciona a memória permanente ou de longo prazo (a qual é comparada ao disco rígido do micro), porém pouco se sabe sobre o funcionamento cerebral da memória de trabalho.
“Os cientistas já sabiam como memórias permanentes são arquivadas. Este processo, no entanto, leva minutos ou até horas para ser ativado e desativado, e é muito lento para guardar temporariamente informações que chegam rapidamente. No estudo, os pesquisadores identificaram outro processo de memória celular, desencadeado por impulsos rápidos de informação que duram menos de um segundo, em células nervosas individuais. Esse processo pode durar apenas um minuto.” (o globo, 2009)
Esta descoberta pode ser um campo de grandes avanços na recuperação de memória de trabalho em pessoas com déficit de atenção, perda de memória por stress, alguns casos de demência, e até mesmo nas compulsões.
"Para pessoas viciadas em drogas, podemos fortalecer essa parte do cérebro associada à tomada de decisões, permitindo que elas ignorem impulsos e avaliem as conseqüências negativas do seu comportamento antes de usar drogas." (o globo, 2009)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

PAISAGENS NEURONAIS



Durante minhas férias fui assistir a uma exposição, com mesmo nome do título desta postagem, na casa da ciência (UFRJ) e me surpreendeu a qualidade das 50 imagens destas células que tanto nos instiga, surpreende e fascina: os neurônios! Sai de lá com a sensação de “compreender”, visualizar melhor o que chamamos de redes neurais e diria que são mais que redes: intrigas, pontos, ramificações, mosaicos....
A exposição pretende revelar um “universo de formas e efeitos luminosos, que surpreendem por seu colorido, beleza e poesia.” Talvez a poesia seja um exagero, desnecessária, a interpretação das imagens poderia ficar a cargo de cada expectador, os quais usariam suas próprias paisagens neuronais para tal. Mas enfim, a arte é subjetiva. A ciência não. Encontrar um ponto de interseção entre estes dois campos não é tarefa fácil, mas creio que possível.
Estão disponíveis imagens do sistema nervoso descobertas no século XX, através de fotos obtidas com técnicas tradicionais e de vanguarda e desenhos de Ramón y Cajal, tanto de tecidos humanos como de animais e toda sua riqueza de detalhes. São neurônios, interneurônios, astrócitos, neuroglias, célula de Purkinje, células microgliais, etc, formando redes, circuitos, arcos e às vezes explosão, retraimento, placas. Foram fotografadas tanto células saudáveis como em degeneração (a maioria por demência), em várias áreas do cérebro: córtex, cerebelo, hipocampo, ponte, entre outras.
È muito intrigante e curioso visualizar e materializar estas minúsculas células, invisíveis a olho nu, que formam nossos pensamentos dos mais absurdos aos mais criativos, como também perceber a fragilidade da nossa sanidade mental, microscópicas placas ali e lá se foi nossa memória, planejamento e orientação.
Assistam e usem suas paisagens neuronais para tirar suas próprias conclusões, afinal a ciência passa pela experiência empírica!