quarta-feira, 30 de abril de 2008

Neurotransmissor: Dopamina e a doença de Parkinson



A dopamina é um tipo de neurotransmissor inibitório derivado da tirosina e classificado no grupo das aminas. Produz sensações de satisfação e prazer. Os neurônios dopaminérgicos podem ser divididos em três subgrupos com diferentes funções. O primeiro grupo regula os movimentos: uma deficiência de dopamina neste sistema provoca a doença de Parkinson, caracterizada por tremuras, inflexibilidade, e outras desordens motoras, e em fases avançadas pode verificar-se demência. O segundo grupo, o mesolímbico, funciona na regulação do comportamento emocional. O terceiro grupo, o mesocortical, projeta-se apenas para o córtex pré-frontal. Esta área do córtex está envolvida em várias funções cognitivas, memória, planejamento de comportamento e pensamento abstrato, assim como em aspectos emocionais, especialmente relacionados com o stress. Distúrbios nos dois últimos sistemas estão associados com a esquizofrenia.
No primeiro momento, falaremos sobre o primeiro grupo de neurônios dopaminérgicos, os quais estão relacionados aos movimentos motores e sua relação com a doença de Parkison.
Segundo Sacks (1997), em fins dos anos 50 foi descoberto que a doença de Parkinson estava relacionada com a deficiência no nível de dopamina no cérebro, e que, portanto, poderia ser “normalizado”, se houvesse o aumento deste neurotransmissor no organismo. Houveram tentativas fracassadas de administração de L-dopa (ou levodopa: precursora da dopamina) em quantidades medidas em miligramas. Em 1967, o Dr. George Cotzias, administrou levodopa a um grupo de pacientes em doses 12 mil vezes maiores que as utilizadas até então, causando um resultado positivo no tratamento da doença de Parkinson. A partir deste momento abriram-se novas perspectivas terapêuticas para essa doença.
A carência da dopamina no cérebro é localizada na área motora, especificamente na substância nigra, região do tronco encefálico, que contém grande quantidade de um pigmento conhecido como neuromelanina. É na substancia nigra que tem origem a sintetização da dopamina.

Como vimos, a dopamina é responsável por muitas funções localizadas em diferentes áreas cerebrais, nesta postagem, foi abordada apenas uma destas funções, localizada na área motora.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Alimentos podem interferir no humor?




Mais uma vez o papel da serotonina, é discutido na mídia (O GLOBO em 18/04/08), como um importante neurotransmissor responsável pelo bom humor. Como vimos na última postagem, a serotonina provoca a sensação de bem estar e prazer no cérebro humano. Ela é sintetizada a partir do seu precursor, o triptofano, o qual é absorvido através da alimentação e principal tema desta reportagem, ou seja, o equilíbrio do humor pode ser adquirido com uma dieta rica neste elemento (triptofano)? Alguns nutricionistas acreditam que sim, já os neurocientistas...

“Quem nunca foi surpreendido por um estresse ou irritação sem motivos aparentes? Para manter o bom humor, não basta estar com o corpo descansado e a rotina equilibrada. Os hábitos alimentares podem interferir em nosso estado emocional. A falta de algumas substâncias e a presença em excesso de outras podem provocar uma série de reações indesejadas no indivíduo. Apesar de ainda não haver um consenso científico, há muitos estudos sobre a influência da alimentação nas emoções. Cabem aos especialistas que defendem essa idéia, explicar as causas dos transtornos emocionais pelo alimento e sugerir nutrientes adequados que possam contribuir para o equilíbrio do humor.
O Food and Mood Project - Projeto Comida e Humor-, elaborado pela especialista inglesa Amanda Geary, mostrou que as mudanças no que comemos podem ser positivas para a saúde mental. Os indivíduos estudados, ao aumentarem o consumo de frutas, peixes e líquidos em detrimento do açúcar, cafeína, álcool e chocolate, demonstraram uma melhora na instabilidade emocional, na depressão e em ataques de pânico e ansiedade (Leia também: Alimentos na medida e na hora certa ajudam a manter o bom humor)
- A alimentação afeta o humor por causa de sua composição nutricional. As vitaminas e os minerais, presentes em frutas e verduras, por exemplo, são alguns dos responsáveis pela regulação do organismo. E essa regulação esta diretamente associada ao estado emocional. Além disso, esses nutrientes fornecem energia para o corpo, o que garante o bom humor - diz a nutricionista Claudia Gonzaga, conselheira do Conselho Federal de Nutricionistas (CNF).
Ao ingerir um alimento, os nutrientes nele contidos atuam na formação e liberação de neurotransmissores, que são enviados para o Sistema Nervoso Central, órgão considerado responsável pelo estado de humor. A principal responsável pela sensação de bem estar é a tão conhecida serotonina. Mas, de acordo com a nutricionista funcional Suzana Machado, do Centro Valéria Paschoal de Nutrição Funcional, há variáveis que podem complicar a produção e liberação da substância.
- A serotonina é o neurotransmissor que está ligado ao bom humor. Quando os sinais, que são enviados ao sistema nervoso central, estão em desequilíbrio, quer seja por deficiência nutricional, como por outros distúrbios fisiológicos, provocam uma deficiência na produção de serotonina, que está ligada ao bom humor. Esse fator desencadeia diversas alterações em nosso sistema nervoso, como depressão, ansiedade, aumento de peso e fadiga - explica a nutricionista.
Na nutrição, a falta de vitaminas C, B6 e B12 assim como de magnésio, ácido fólico causam deficiência de serotonina no corpo. Portanto, quem anda de baixo astral pode incluir na dieta alimentos como laranja, cereais, frutas e verduras - que ajudam a melhorar o ânimo. A ausência do triptofano, aminoácido precursor da serotonina, também debilita o estado emocional. O triptofano está presente na soja, arroz integral, pão integral, leite, iogurte, feijão e lentilha. “

...Bem, os neurocientistas não negam a importância de uma boa alimentação para o funcionamento do organismo (apesar deste não ser seu objeto de estudo), porém para se adquirir um bom funcionamento mental, uma rede de fatores mais complexos do que apenas uma boa alimentação, entram em ação. São fatores genéticos, psicológicos, sociais, comportamentais entre outros. Por exemplo, na depressão existe uma diminuição do nível da serotonina no cérebro e no organismo consequentemente. Qual a terapêutica pra a depressão? Alguns medicamentos psicotrópicos vão atuar no mecanismo de recaptação dos neurotransmissores, neste caso a serotonina. Existem receptores pré-sinápticos que são responsáveis por re-captar o neurotransmissor e terminar a comunicação sináptica ou por inibir esses receptores pré-sinápticos e assim ante-los por mais tempo na fenda sináptica, aumentando a liberação de segundos-mensageiros, aliviando assim, os sintomas da depressão.
Será que a ingestão de alimentos ricos em triptofano é capaz de dar conta deste tipo de mecanismo?

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A influência da serotonina no comportamento agressivo




"Adolescentes podem ser mais propensos a cometer crimes violentos se tiverem uma versão menos ativa de um gene que controla a agressão e forem submetidos a abusos na infância, segundo um estudo realizado pelo Instituto de Psiquiatria de Londres e objeto de uma reportagem da revista científica New Scientist.
A equipe do Instituto de Psiquiatria de Londres teve acesso a um estudo neozelandês que acompanha desde 1972 a saúde física e mental de mais de mil pessoas desde o nascimento.
Os pesquisadores analisaram tanto o registro de maus tratos na infância quanto a presença da enzima MAO-A, que regula a quantidade de serotonina no cérebro, molécula que tem um papel importante no controle da agressão.
O resultado indicou que crianças que sofrem algum tipo de abuso na infância e possuem uma forma pouco ativa da MAO-A têm três vezes mais chances de apresentar uma desordem comportamental e dez vezes mais chances de serem condenadas por um crime violento.
O estudo identificou dois grupos de delinqüentes.
Um grupo é formado por pessoas que passam a cometer crimes pequenos depois de entrar em contato com a turma errada. Esses jovens comumente deixam a criminalidade aos vinte e poucos anos.
O outro grupo, mais problemático, é formado por pessoas que passam a dar sinais de um comportamento anti-social já mesmo na idade de ir à creche. São essas crianças que teriam uma predisposição biológica para problemas comportamentais, segundo o estudo."

Nesta reportagem da BBC de Londres (publicada no jornal O Globo, em 10/04/08), pesquisadores ingleses e neozelandeses analisam o funcionamento da proteína MAO-A, e sua correlação coma serotonina, neurotransmissor responsável principalmente pela sensação de bem estar e prazer. A serotonina, segundo Kandel (1995), está dentro do grupo das aminas biogênicas (um dos tipos de neurotransmissores) e tem como precursor o aminoácido triptofano. Quando existe uma diminuição deste neurotransmissor no organismo humano, algumas psicopatologias podem se manifestar, como a esquizofrenia, depressão, enxaqueca, entre outras. Quando necessário serão administradas algumas drogas que funcionam como recaptadores da serotonina, ou seja, inibem sua “exclusão” da fenda sináptica fazendo-a aumentar sua quantidade no córtex cerebral.

A relevância dessas informações na mídia é a discussão, da relação entre dados biológicos e o comportamento humano. Damásio (1994) foi um dos neurocientistas pioneiros no estudo entre um comportamento e suas relações neurais no cérebro. Ele defende a hipótese de um marcador somático, onde haveria correlações entre os circuitos neurais e o processo cognitivo de juízo moral. Contudo Damásio e outros neurocientistas não negam a importância da cultura e/ou meio social como um facilitador ou inibidor para a expressão de determinados comportamentos.

Podemos nos perguntar: a conduta anti-social (como a violência, por exemplo) pode ser considerada uma alteração de neurotransmissores e de circuitos cerebrais? As pesquisas atuais apontam para uma confirmação desta hipótese, reafirmando a consideração de que existem “desajustes” sociais (como o sofrimento de abuso na infância) que colaboram e muitas vezes podem disparar este tipo de comportamento.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Neurotransmissores



Para estudar os neurotransmissores é necessário entender como funcionam as sinapses no sistema nervoso. Existem diversas funções sinápticas dos neurônios: pode haver bloqueio de um impulso de um neurônio para o seguinte, alteração (ao invés de um só impulso, ocorrem vários repetidos), ou integração (produzem-se padrões intricados de impulsos nos neurônios sucessivos, oriundos de outros neurônios). Estes conceitos são importantes na compreensão do mecanismo de funcionamento dos neurotransmissores, assim como das drogas que são utilizadas na psicofarmacologia, pois estas tem o objetivo de imitar ou bloquear, a funcionalidade destes transmissores.
As sinapses podem ser elétricas ou químicas, são destas últimas que iremos discutir aqui, tanto por serem maioria no SNC, como por terem como principal componente, o neurotransmissor. A sinapse química se dá quando o primeiro neurônio secreta um composto químico (o neurotransmissor!) na fenda sináptica, e este por sua vez atua sobre proteínas receptoras existentes na membrana do neurônio seguinte, seja para excitá-lo, inibi-lo ou modificar de alguma forma, sua sensibilidade.
Conhece-se atualmente mais de 40 substancias químicas diferentes denominadas como transmissores sinápticos, eles podem ser classificados como pequenas moléculas de ação rápida ou como neuropeptídeos moleculares maiores e com ação mais lenta. Segundo Guyton (1991), podemos dividir as substancias químicas que atuam como neurotransmissores em três classes principais, são elas:

CLASSE 1
Acetilcolina

CLASSE 2: aminas
Noraepinefrina
Epinefrina
Dopamina
Serotonina
Histamina

CLASSE 3: Aminoácidos
GABA
Glicina
Glutamato
Aspartato

Os transmissores de pequenas moléculas e ação rápida são os que causam a maioria das respostas agudas do sistema nervoso, como a transmissão de sinais sensoriais para e no encéfalo e dos sinais motores para os músculos. Por outro lado, os neuropeptídeos atuam de maneira mais prolongada no organismo, como o fechamento mais duradouro de alguns canais iônicos ou alterações a longo prazo dos números de sinapses, por exemplo.

sábado, 12 de abril de 2008

NEUROCIÊNCIAS E NEUROTRANSMISSORES


NEUROCIÊNCIAS E NEUROTRANSMISSORES: uma introdução

A Partir de agora vou deixar a estatística, momentaneamente de lado (até haver a necessidade de analisar os dados da minha pesquisa) e vou explorar assuntos da neurociência propriamente dita, ou seja, estudos sobre o funcionamento cerebral, com foco nas funções mentais e cognitivas e seus transtornos. Segundo Lent (2005), podemos denominar este estudo de Neurociência cognitiva ou Neuropsicologia. Estas disciplinas pesquisam as funções mentais mais complexas, como linguagem a autoconsciência, a memória, o aprendizado entre outras. A Neurociência comportamental é o ramo da neurociência que estuda as estruturas neurais que produzem comportamento e outros fenômenos psicológicos como o sono, os comportamentos sexuais e os comportamentos sexuais. Segundo este autor existe também a neurociência molecular, a celular e a sistêmica.

Atualmente existe uma imensa divulgação (informações através da mídia) a respeito do funcionamento mental e cognitivo, a partir do comportamento humano e animal, valorizando o funcionamento químico cerebral: os neurotransmissores.

O que são neurotransmissores?

Segundo Kandel (1995), podemos inicialmente definir um transmissor como uma substância que é liberada numa sinapse por um neurônio ou órgão efetor, de maneira especifica. Atualmente para uma substância ser aceita como um neurotransmissor é necessário que ela atenda a 4 critérios:

1. Ser sintetizada no neurônio
2. Estar presente na terminação pré-sináptica e ser liberada em quantidade suficiente para exercer uma ação definida sobre o neurônio pós-sináptico ou órgão efetor.
3. Quando administradas de maneira exógena (como uma droga) em concentrações razoáveis, imitar exatamente a ação do transmissor endógeno liberado.
4. Existir um mecanismo específico para sua remoção do sítio de ação (a fenda sináptica).

quarta-feira, 9 de abril de 2008

DISTRIBUIÇÃO AMOSTRAL


DISTRIBUIÇÃO AMOSTRAL DAS MÉDIAS ARITMÉTICAS: PARTE 1

A média amostral é um dos estimadores mais utilizados porque as médias aritméticas das populações são as estimadas com mais freqüência, sendo necessário, deste modo, conhecer a distribuição amostral da média da amostra.

Em uma população com média e desvio padrão, se todas as amostras aleatórias de tamanho n são selecionadas com reposição a partir dessa população, esta é considerada como sendo de tamanho infinito. Todos os valores a serem retirados o serão da mesma população (ou seja, terão a mesma distribuição original de probabilidades) e as médias aritméticas de todas as amostras constituirão uma distribuição de probabilidades com as seguintes características:
A distribuição amostral da media da amostra será aproximadamente a de DeMoivre-Laplace-Gauss;
A média da distribuição amostral da média da amostra será igual à média da população.

Uma propriedade dos estimadores é que a distribuição amostral (média da amostra) tem a mesma média que a população de onde foi retirada. Desse modo, pode-se esperar que as médias de repetidas amostras de uma dada população estarão centradas na média dessa população e não em outro valor qualquer.
Então, uma estatística é denominada não-tendenciosa se, seu valor esperado é igual ao parâmetro que supostamente se está estimando.
De modo geral, esta propriedade de não-tendenciosidade é uma das mais desejadas propriedades na estimação pontual, embora não seja de modo algum essencial e algumas vezes sejam superadas por outros fatores. Uma falha do critério da não-tendenciosidade é que geralmente ele não fornece uma estatística única para um dado problema de estimação.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Parâmetros




ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS

A estimação dos parâmetros, assim como a escolha de um bom estimador, são passos fundamentais para uma boa estatística, ou seja, para que se possam construir dados confiáveis a respeito de certas observações, é necessário precisão nestas escolhas.

Os dois principais procedimentos da estatística inferencial são a estimação (pontual e por intervalos) e os testes de hipóteses. Normalmente, os parâmetros de uma população são desconhecidos, sendo necessário estimar o valor desses parâmetros ou então planejar testes para verificar se os valores a eles arbitrados podem ser considerados verdadeiros.

Ao se retirar umas amostras para se estimar um parâmetro da população, inúmeras cálculos podem ser feitos com os valores associados às observações da amostra. Depois de escolhida uma das operações matemáticas, cada um dos resultados irá variar de amostra para amostra. Desta forma, cada um dos cálculos é também uma variável aleatória chamada estatística. Para se fazer uma boa estatística com os dados de determinada amostra, estuda-se para cada parâmetro de interesse, o melhor estimador desse parâmetro.

Na estimativa pontual, um valor numérico simples é obtido como uma estimativa do parâmetro da população. Ou seja, a estimativa pontual de um parâmetro da população é um valor numérico único de uma estatística.
Na estimativa por intervalo, é determinado um intervalo tal que exista alguma probabilidade de que o verdadeiro valor do parâmetro esteja contido nele. Estimativas por intervalos são também chamadas de intervalo de confiança.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Experimento aleatório


Axioma:

“Na lógica Aristotélica, é o ponto de partida de um raciocínio, considerado como evidente, sendo a base das demonstrações de uma teoria.”

Experimento aleatório é aquele que pode gerar diferentes resultados, mesmo repetido sob as mesmas condições e em qualquer ocasião. Deste modo, diz-se que esse experimento, tem componentes aleatórios. As variações aleatórias que ocorrem são pequenas, comparadas com o objetivo do experimento e podem ser ignoradas. Entretanto, a variação está sempre presente, e sua grandeza pode ser tal que as conclusões importantes podem não ser óbvias e neste caso utiliza-se o método estatístico para modelar e analisar métodos experimentais.

“O primeiro (Marcel Duchamp), talvez o artista mais interessante do século, sempre trabalhou com variáveis controláveis, porém deixando aberto o espaço para a intervenção do acaso. Criou por exemplo, réguas a partir de barbantes de um metro, jogados ao chão de uma mesma altura determinada – ficando ao acaso a tarefa de escolher a forma que eles assumiriam ao tocar o solo.”

Para um determinado experimento, podemos definir o conjunto de todos os resultados que julgamos possíveis. Esse conjunto denomina-se espaços de possibilidades do experimento, ou simplesmente, espaço amostral, denotado pela letra S, e cada um dos resultados possíveis é um elemento do conjunto S.